segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A crise, a austeridade e outras barbaridades

Sempre defendi que, até há algum tempo, quem manteve o seu trabalho e o seu salário, não tinha ainda sentido verdadeiramente a tão falada crise.
Mas depois chegou a austeridade. E todos começámos a sentir um bocadinho.
E em dia de apresentação do Orçamento de Estado para 2013, tenho de dizer que tenho agora a certeza que vamos todos (menos meia dúzia de privilegiados deste país) sentir mesmo a crise.
Com as medidas que vão sendo conhecidas, a meu ver de forma um pouco atabalhoada, todos nós vamos ter de contribuir, em alguma medida, para estas metas que, acredito, ainda quase ninguém percebeu.
Que todos temos de fazer esforços eu acredito e sei que é assim. Agora colocar todo um país numa crise instalada que diariamente nos traz notícias que nos deixam angustiados, isso eu já questiono.
Entre medidas de austeridade e pacotes de sei lá o quê, não ouço ninguém a falar ou apresentar medidas alternativas que promovam o crescimento. Parece que todos criticam, mas ninguém avança soluções.
Até o FMI conclui agora que austeridade excessiva tem efeitos contrários, meus senhores, por bem menos de metade dos vossos salários eu teria chegado a essa mesma conclusão.
A aposta nas exportações é acertadíssima e temos de ir por aí, mas e as empresas que dependem do consumo interno? Como vão elas sobreviver a mais cortes que as famílias vão agora ter de fazer?
Como vai o café da esquina ou o restaurante que mais gostamos sobreviver aos cortes que muitas pessoas que até agora vivam bem, dentro das suas possibilidades e sem grandes loucuras, vão ser obrigadas a fazer?
Como vão sobreviver ginásios, cinemas, lojas de produtos sem os quais conseguimos sobreviver mas que vamos considerar, cada vez mais um bem de luxo?
Quero - e tento - acreditar que vamos dar a volta por cima, que a vida e a economia são feitas de ciclos e o país terá capacidade de dar a volta por cima, mas todo este clima assusta, mesmo quem tem agora trabalho mas diariamente se questiona como dar a volta às dificuldades.
Muitas vezes me questiono o que posso eu fazer para ajudar o país a dar a volta, mas ainda não consegui encontrar respostas. Que tenho de contribuir sim, mas espero que depois, quando eu precisar, que o Estado também lá esteja para me ajudar a mim. Porque para mim, um Estado que tanto sacrifício pede aos seus cidadãos, tem depois também de retribuir com a sua função de protecção quando um de nós precisar.
Apenas uma reflexão...

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